Semana da Amazônia 2025 celebra convergência rumo à Cúpula dos Povos na COP 30
Manaus – Entre os dias 1º e 7 de setembro, a Semana da Amazônia 2025 ergueu-se como um farol de mobilização e convergência, iluminando o caminho da coletividade amazônica rumo à Cúpula dos Povos e à COP 30, que acontecerá em Belém. Sob o lema “Ações que Convergem e Transformam”, o evento se consolidou não apenas como celebração, mas como uma declaração viva de resistência, criatividade e esperança, unindo vozes diversas em defesa da floresta e de seus povos.
O jovem amazônida Matheus da Silva Amaral, co-criador da Plataforma Converge Amazônia, ativista socioambiental e climático, empreendedor sociocultural e coordenador do Grupo de Trabalho de Mobilização e Logística da Cúpula dos Povos no Amazonas, conduziu a Semana como anfitrião e mediador. Sua atuação foi decisiva para promover a integração entre lideranças comunitárias, cientistas, artistas, povos indígenas, juventudes e movimentos sociais, consolidando o protagonismo local em todos os momentos da programação.
A abertura oficial contou com a abertura cultural pelo artista Jander Santos, indígena e artesão, que entou ótimas toadas e cantos regionais como parte do ritual de abertura, antecedendo falas inspiradoras. Joel Araújo, do IBAMA e da Associação de Movimentos Ambientais do Amazonas, destacou a importância de articular ciência, gestão pública e movimentos sociais na proteção da floresta, destacando as ações implementadas durante o processo de mobilização da 5ª Conferência Nacional de Meio Ambiente em Brasília que foi antecedido por uma intensa mobilização e realização de conferências livres de meio ambiente, tais que elegeram propostas e delegados para a etapa nacional em Brasília, que resultou na eleição de 4 propostas entre as dez mais votadas. Fátima Barbosa, do Instituto Sumaúma, também delegada eleita para a 5ªCNMA, ressaltou a resistência das mulheres e dos territórios tradicionais, reforçando a educação ambiental como ferramenta de transformação. Rose Batista, engenheira florestal, trouxe análises técnicas sobre os desafios ecológicos e políticas públicas. Augusto Leite, anfitrião da causa ambiental, fundador do Parque Sumaúma e defensor dos fragmentos florestais urbanos, projetou a juventude como protagonista da mobilização comunitária. Márcia Ruth, da Rede GTA de Silves, defendeu a urgência de uma transição energética justa, enquanto Vicente Neves, da Resistência Amazônica, destacou que a articulação coletiva é a chave para enfrentar os grandes projetos de devastação.
No segundo dia, o painel “Águas, Bacias e Fragmentos Florestais” destacou a luta comunitária em defesa dos rios. Jadson Maciel, do Awty e da Remada Ambiental, emocionou com sua trajetória de resistência no Rio Tarumã-Açu, onde mais de duzentas toneladas de resíduos foram retiradas graças à ação popular. O painel se completou com as reflexões de Simone Fontoura, do IFAM, que destacou a agroecologia como prática de sustentabilidade; Marco Antônio, da SEMMAS Clima, que trouxe os desafios da gestão ambiental urbana; Vicente Neves e Marcia Ruth da rede GTA, enfatizando os riscos da exploração de petróleo e gás; e Augusto Leite, reiterando a força das comunidades na proteção dos igarapés e fragmentos florestais urbanos. Foi um chamado urgente à defesa das águas como patrimônio coletivo e direito humano essencial.
O Painel Puraquequara – Memória, Resistência e Território, apresentado por Matheus da Silva Amaral, mergulhou na memória histórica do bairro e reafirmou que as periferias urbanas são parte integrante da Amazônia. Em sua fala, Matheus destacou a região do Encontro das Águas como estratégica para o desenvolvimento sustentável, defendendo o turismo comunitário, a economia solidária e a valorização cultural como pilares de futuro. O diálogo mostrou que rios, igarapés e bacias urbanas, embora ameaçados, também são espaços de inovação social e protagonismo popular
Entre os dias 5, 6 e 7 de setembro, realizou-se o Festival Amazônico, ponto alto da programação, unindo arte, economia solidária e ancestralidade. No dia 6, o Festival alcançou seu ápice com a Vigília pela Terra, em parceria com o ISER, que trouxe espiritualidade, fé e resistência como dimensões inseparáveis da luta socioambiental. A programação cultural contou com a apresentação do grupo Lenda do Apurinã, originários de Novo Aripuanã, no interior do Amazonas, que emocionaram o público com cantos, danças e narrativas ancestrais, evocando a resistência histórica dos povos da floresta e a cultura das comunidades amazônicas. Durante os três dias, o Festival reuniu artesãos, empreendedores, agricultores familiares e artistas, celebrando biojoias, moda indígena, gastronomia da floresta e expressões culturais que reforçam a Amazônia como território vivo e criativo.
No Dia da Amazônia (5 de setembro), a Semana alcançou seu ápice simbólico com a Barqueata Amazônica do Centro de Manaus ao Encontro das Águas, onde as vozes de juventudes, comunidades de fé, povos tradicionais e movimentos sociais se uniram em oração, canto e resistência, num ato que foi ao mesmo tempo político e espiritual.
Cada fala, cada gesto e cada encontro da Semana da Amazônia 2025 reforçou sua integração com a Jornada Amazônica rumo à Cúpula dos Povos e à COP 30. Ficou claro que o evento não apenas celebrou, mas construiu caminhos: reforçou a centralidade da Amazônia nos debates globais, mobilizou comunidades como protagonistas de seu destino e ergueu pontes entre movimentos sociais, academia, instituições públicas, espiritualidades e iniciativas culturais.
A Semana da Amazônia 2025 deixa como herança a convicção de que a Amazônia não é apenas um território, mas protagonista da justiça climática e fonte de soluções, saberes e alternativas. Deixa também a certeza de que o futuro só será possível se for coletivo, se for tecido pelas mãos de quem vive e resiste na floresta, nos rios, nas periferias e nas cidades amazônicas. A Semana da Amazônia foi mais que um evento: foi um manifesto vivo, uma declaração de convergência e transformação. E, ao encerrar-se, não terminou: abriu-se como semente da Jornada Amazônica que germinará na Cúpula dos Povos e na COP 30, quando a Amazônia, honrada por seus povos e suas vozes, falará ao mundo em defesa do futuro de Bem Viver e Territorialidades.
📌 Realização: Converge Amazônia, em parceria com a Cúpula dos Povos, Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Amazonas, Bosque da Ciência/INPA, Rede GTA, Instituto ISER, Prefeitura de Manaus e diversos movimentos sociais parceiros.